Maria Lúcia da Silva Corrêa

1940 -
“Eu sou uma serva do Senhor Jesus!” Maria Lúcia da Silva Corrêa foi esposa, mãe, avó, bisavó, artista e escritora.MÃE MACIA
Nossa mãe era macia. Com a testa quente, de vincos horizontais contando as décadas e verticais os esforços e moedas. Seus braços roliços davam em mãos finas. Mãos frias de pia, assim como era frio de tanque o lado de fora de sua barriga.
Nossa mãe tinha um olhar de menina, olhar quieto, mas não sereno. Sempre de cá para lá, ela comia em pé. E, quando à mesa, sua palma batia de leve o tempo no tampo, mas sem ansiedade. Como um relógio antigo.
Nossa mãe dava corda na vida conversando com seu Pai, seu Filho e seu Espírito Santo. Carregava a Bíblia como se fosse um escudo preparado a defendê-la contra o golpe final.
Nossa mãe nunca foi sozinha. Quando não mais teve pais, teve irmãos. Quando não mais teve irmãos, teve meu pai. Quando não mais teve meu pai, teve filhos e filhas, genro, nora, netos, netas, bisnetos, bisnetas…
Nossa mãe recebeu e deu amor. Reafirmava seu passado com tintura nos cabelos. Essas pinceladas em si me lembravam a infância, quando nos apresentou à arte. Ensinou a desenhar e escrever, amar e perdoar.
Nossa mãe teve a sorte divina de não ver seu primogênito (que cuidou dela até o final) tombar pelo mesmo motivo, apenas dois meses depois.
Usamos e falamos o que aprendemos com ela para dar-lhe nossa contribuição à vida eterna que buscava. Nossa mãe merece. Porque nossa mãe era macia.
Homenagem de Márcio da Silva Corrêa (in memoriam), Maristela da Silva Corrêa, Marcelo da Silva Corrêa e Martha Cristina da Silva Corrêa, seus filhos.
Maria Lúcia da Silva Corrêa nasceu em Guarda-Mor (MG) em 17/02/1940 e faleceu em São José do Rio Preto (SP) em 12/04/2021, vítima do novo coronavírus.
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